ESTEREOQUÍMICA II

A determinação da estrutura de uma molécula orgânica começa com a análise dos elementos que ela contém e sua proporção, o que geralmente é feito por combustão. A determinação de massa molecular, antes realizada por descida crioscópica, agora utiliza a técnica de espectrometria de massa de alta resolução.

O conhecimento da composição percentual e da massa molecular permite estabelecer a fórmula molecular de um composto orgânico. No entanto, ainda faltam duas etapas fundamentais, que determinam a conectividade e o arranjo espacial.
a) Conectividade refere-se a indicar a maneira pela qual os diferentes átomos que formam uma molécula orgânica são unidos. Esse nível de descrição é feito no plano, sem levar em conta o arranjo espacial da molécula.
Vamos considerar a fórmula molecular C 3 H 6 O 3 , vamos ver diferentes formas de conectividade, que dão origem aos chamados isômeros estruturais.
conectividade
Todas essas moléculas têm a fórmula C 3 H 6 O 3 , mas os átomos estão ligados de maneira diferente em cada uma delas.

Os diferentes arranjos espaciais que uma molécula pode adotar e que são interconvertidos à temperatura ambiente por rotação são chamados de conformações.

análise conformacional 01

São duas das infinitas conformações que podem ser extraídas do ac. 2-hidroxipropanóico. À temperatura ambiente, a molécula está continuamente girando em todas as conformações possíveis.

Agora vamos ver as duas conformações mais características do etano, as conformações alternada e eclipsada.

análise conformacional 02

[1] Conformação alternativa do etano

[2] Conformação eclipsada do etano

Uma molécula quiral é aquela que não é sobreponível com sua imagem especular. A simetria faz com que as moléculas percam sua quiralidade. Assim, a presença de planos de simetria, centros de inversão ou eixos alternados dão origem a moléculas aquirais.

a) Eixo de simetria (C n )

simetria 01

[1] Eixo de simetria (C 2 )

[2] Eixo de simetria (C 3 )

Um eixo de simetria de ordem m deixa a molécula em uma configuração indistinguível da inicial ao girar 360/m graus.

b) Plano de reflexão ( s ): Divide a molécula em duas partes iguais. Cada átomo da molécula que está de um lado do plano deve ter seu espelho do outro lado.

simetria 02

Quiralidade é sinônimo de assimetria, objetos quirais são caracterizados pela ausência de simetria, observe as mãos.

Os elementos de assimetria que levam a moléculas quirais são: centros quirais, eixos de quiralidade, planos de quiralidade e hélices.
a) Centro quiral ou estereogênico: é um átomo que une quatro grupos diferentes, um desses quatro grupos pode ser um par solitário.
assimetria 01
Não apenas o carbono pode ser o centro estereogênico, mas também o nitrogênio de aminas ou sais de amônio, oxigênio em cátions oxônio, fósforo em fosfinas......

As regras para dar configuração absoluta a um centro estereogênico são as seguintes:

1. Dê prioridade aos grupos que partem do centro estereogênico por número atômico
2. No caso dos isótopos, a prioridade é dada pela massa atômica.
3. Se a rotação, seguindo os três grupos de maior prioridade com o quarto na parte inferior, for no sentido horário, o centro estereogênico é R.
4. Se a rotação for anti-horária, o centro estereogênico é S.
Sais de amônio com quatro substituintes diferentes são compostos quirais, a notação para nitrogênio quiral é a mesma que para carbono.
centro estereogênico 01

Em moléculas cujo elemento de quiralidade é um eixo, daremos a notação R a / S a , (o subscrito "a" refere-se a axial), por meio do método de projeção de Fischer. O método do tetraedro também pode ser usado.

eixo de quiralidade 01

1. Para que a molécula tenha um eixo de quiralidade, é necessário que os dois grupos de cada lado sejam diferentes entre si. Neste exemplo os grupos são diferentes (-H e -COOH) e a molécula tem um eixo de quiralidade.

2. Escolhemos um lado do aleno (eu escolho arbitrariamente o esquerdo) e começamos a dar prioridades por número atômico aos substituintes desse lado. Em seguida, passamos para o lado direito e damos as prioridades "c,d" aos grupos desse lado.
eixo de quiralidade 02

São moléculas que possuem uma área plana (fenil), com uma ponte que une suas extremidades na face superior ou inferior.

plano de quiralidade 01

1. Atribuímos nomes a certos átomos conforme mostrado na imagem. "z" é o primeiro átomo que está fora do plano. Duas cadeias começam em x, às quais devemos dar prioridade por número atômico.

plano de quiralidade 02

2. Projetamos o elo xy, colocando-nos na posição da seta.

plano de quiralidade 03

hélices 01

A repulsão entre os anéis impede que a molécula se disponha no plano. Assim, um dos anéis se inclina em nossa direção e o outro na parte inferior. Em um enantiômero, o anel da direita está dobrado em nossa direção e no outro, na parte inferior.

hélices 02

Para distinguir os dois enantiômeros, é feita uma volta do anel que vai para baixo até o que vem em nossa direção. Se essa volta for no sentido horário, o enantiômero é M, se a volta for na direção oposta, o enantiômero é P.